Filme interrompido com a morte de Heath Ledger é exibido em CannesO americano
Terry Gilliam, ex-integrante do grupo Monty Python e diretor de filmes como "Os 12 Macacos" e "Os Irmãos Grimm", conseguiu um desses milagres de que só o cinema é capaz. Ele exibiu hoje em Cannes, fora de competição, a maravilhosa fantasia
"The Imaginarium of Doctor Parnassus".
Heath Ledger em cena do filme "The Imaginarium of Doctor Parnassus", de Terry GilliamGilliam quase desistiu de concluir o filme depois da morte de
Heath Ledger, um dos principais atores do filme. Conseguiu terminar o trabalho graças à ajuda dos amigos do ator -
Johnny Depp, Jude Law e
Colin Farrell -, que se dispuseram a participar do filme fazendo as cenas que faltavam a
Tony, personagem do ator australiano. Os três trabalharam sem cachê - o dinheiro que ganhariam foi doado a
Matilda, filha de
Ledger. Ao final do filme, aparece o crédito
"Um filme de Heath Ledger e seus amigos".
Como
"Parnassus" é uma fantasia na linha dos filmes anteriores de
Gilliam, e não um drama naturalista, Gilliam inventou transições entre um ator e outro que se encaixam perfeitamente na história - poderia se dizer que estavam no roteiro desde o início.
Ledger coloca uma máscara de teatro, e quem a tira é
Johnny Depp. Os outros personagens estranham a mudança de rosto, mas
Tony (
Jude Law) diz:
"Você não acredita na imaginação? Então é hora de usá-la!" O filme só guarda uma grande ironia: a primeira cena de Ledger no filme mostra Tony tentando se suicidar, enforcado em uma corda pendurada em uma ponte.
No filme, o doutor Parnassus (
Christopher Plummer) é um quase-mendigo que anda com sua trupe teatral decadente pelas ruas de Londres acompanhado de um anão (
Verne Troyer, de "Austin Powers"), a filha e um rapaz. Na verdade, ele é o guardião milenar das histórias que movem o mundo, e fez há mil anos um pacto com o diabo (o músico
Tom Waits, à vontade no papel). Logo, ele conhece Andy (
Ledger, Depp, Law, Farrell), um misterioso ex-milionário que abandonou sua fortuna e de passado misterioso.
"Tony passa três vezes pelo espelho mágico de Parnassus, então tive a idéia de usar cada um dos três atores para cada uma das passagens", explicou
Gilliam. "Heath morreu há um ano e meio, mas continuei com ele durante meses na sala de montagem. Por isso, tenho a impressão de que ele se foi há menos tempo".Gilliam agradeceu o trabalho de
Depp, Law e
Farrell no filme. "
Eles foram incrivelmente generosos. Não precisei mudar nenhuma linha dos diálogos".O filme foi aplaudido de pé no final da exibição.
Fonte: Uol