terça-feira, 11 de maio de 2010

Terry Gilliam leva o Dr. Parnassus para além do País das Maravilhas

Parece até sacanagem lançarem no Brasil “O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus”, projeto do ex-Monty Python Terry Gilliam adiado devido à morte prematura de seu astro Heath Ledger, logo depois do irregular “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton. E nem é pela presença de Johnny Depp em ambos. Acontece que Gilliam não precisa de uma história consagrada ou de efeitos 3D em uma sala IMAX para enlouquecer a plateia e superar Burton em todos os sentidos.

Gilliam conta a história do Dr. Parnassus (Christopher Plummer), artista mambembe que roda Londres com sua trupe apresentando um espetáculo bizarro. O público é convidado para atravessar um espelho (opa!) e entrar em um mundo fantástico criado pela sua imaginação. Ao lado do Doutor, a filha prestes a completar 16 anos (Lily Cole), um assistente apaixonado por ela (Andrew Garfield) e um anão (Verne Troyer) dono das melhores falas do filme.

Dr. Parnassus, o artista ancião com mais de mil anos de idade sofre com um vício: não consegue resistir a uma apostinha com o capeta (Tom Waits, sensacional). Enquanto isso, seus funcionários salvam a vida de um jovem misterioso (Heath Ledger) que traz novas perspectivas aos negócios da trupe.

A presença de Heath Ledger em seu derradeiro papel torna “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” um filme mais atípico do que ele já seria normalmente. O ator se foi antes de concluir o trabalho, obrigando Gilliam e seu co-roteirista Charles McKeown a reescrever algumas cenas e contar com a ajuda de alguns amigos famosos. A coisa ficou ainda mais louca, e o personagem de Ledger ganhou as faces de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, no tributo mais bacana que seus colegas poderiam fazer.

Além de uma solução criativa, a homenagem dá novo sentido a frases antológicas como “nada é permanente, nem a morte” ou “você não pode evitar que uma história seja contada”, transformando o circo de Gilliam em uma experiência quase metalinguística.

Não é seu melhor trabalho e está longe de ser um filme perfeito, mas o talento de Gilliam para o surreal, o visual arrebatador, o clima de magia decadente (lembranças de “As Sete Faces do Dr. Lao”, clássico da Sessão da Tarde) e as performances excepcionais de Ledger e Plummer fazem do “Dr. Parnassus” um filme diferente de tudo que tem saído nos cinemas nos últimos tempos. Obrigatório para quem não precisa de óculos especiais para entrar em mundos imaginários.

Fonte: Pipoca Moderna

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