quinta-feira, 12 de julho de 2012

Sentimos muito a falta de Heath Ledger, confessa Christian Bale sobre "Batman"

A performance de Heath Ledger, morto em 2008, como o vilão Coringa em "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008), não rendeu apenas o Oscar póstumo de Melhor Ator ao australiano. Ela também serviu de guia para a realização de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", último capítulo da trilogia dirigida por Christopher Nolan ("A Origem") e com Christian Bale no papel do herói.

"Sempre falamos sobre Heath durante as filmagens, claro. Ele é parte integral da trilogia e sentimos muito a falta dele", confessa Bale. "Decidi não colocar nenhuma referência [ao Coringa] no filme, porque não queria que houvesse uma comparação ao que Heath fez e o novo vilão", conta Nolan. "Eu queria um adversário diferente para o Batman, alguém que o público não soubesse quem ganharia na briga."

O Coringa vivido pelo ator Heath Ledger no filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008), de Christopher Nolan

O vilão do novo Batman realmente é o oposto do interpretado por Ledger. Tom Hardy, que trabalhou com Nolan em "A Origem", faz um brutamontes que pertenceu a mesma liga de assassinos que treinou Bruce Wayne antes do bilionário assumir o uniforme do Batman.

"Nos quadrinhos, ele é o único que conseguiu dar um fim ao herói", diz o roteirista Jonathan Nolan sobre o personagem que coloca o Cavaleiro das Trevas em uma cadeira de rodas nas HQs. "O Coringa era um anarquista, não tinha um plano. Já Bane é um terrorista, tem um plano e é assustador."

Com certa liberdade depois de dois sucessos de bilheteria --juntos, "O Cavaleiro das Trevas" e "A Origem" renderam US$ 1,8 bilhão--, Chris Nolan decidiu ir ao extremo na sua visão realista do Batman. "Seria loucura perseguir o fenômeno do longa anterior. Só queria fazer um bom filme", fala Nolan.

Bane (Tom Hardy) e Batman (Christian Bale) em cena de "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"

Enquanto o primeiro capítulo, "Batman Begins" (2005), foi um recomeço simples para uma saga em decadência, "O Cavaleiro das Trevas" foi sobre os limites da sanidade. Agora, "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é um filme de guerra urbana e de classes.

Sem revelar muito do roteiro, oito anos depois da morte de Harvey Dent, Batman está "aposentado" e com a cabeça a prêmio pela polícia. Até que o vilão Bane (Tom Hardy) chega para tomar Gotham e se proclamando um "homem do povo". "Não quis fazer um filme político. Mas o que procuro fazer é o filme mais honesto possível. Se o vilão tem ressonância no mundo real é porque ele foi construído de forma genuína. Gosto de trabalhar com o hiperrealismo de Gotham", fala o cineasta, que filmou a maior parte das cenas em Los Angeles e Nova York.

O realismo que marca a série chega ao cúmulo em "O Cavaleiro das Trevas Ressurge". O confronto do Batman com Bane é o mais brutal de uma adaptação de quadrinhos no cinema. "Tom Hardy fez um trabalho fenomenal", diz Bale. "Quando eu chamei Tom para ser Bane, disse: 'Tenho uma boa e uma má notícia. A boa é que tenho esse personagem para você. A má é que ele usa uma máscara". Mas ele entendeu e viu pelo lado positivo. As expressões do olhar de aço dele com a voz musical que sai da máscara são contraditórias."

Apesar do sucesso, Nolan confirma que "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é seu último filme com o personagem. "Eu só queria completar uma história. Trabalhei quase dez anos com o Batman e foi incrível. Saio com tristeza", revela o diretor. "Foi um grande período da minha vida, mas se Christopher fala que é hora de dizer adeus, então é hora de dizer adeus", completa Christan Bale.

Mas há alguns componentes no novo longa que não têm essa bagagem emocional. Anne Hathaway interpreta a ladra Selina Kyle, apelidada pelos jornais --e apenas pelos jornais-- de Mulher-Gato, e Joseph Gordon-Levitt, de "(500) Dias Com Ela", faz um jovem policial de Gotham. "Quando me vi de uniforme conversando com Christian e Tom também vestidos como seus personagens, eu me arrepiei", fala a atriz. "Foi um sonho que realizei", resume Gordon-Levitt.

Michael Caine, âncora emocional do longa, retorna como o mordomo Alfred, mas, depois de tantos anos de experiência, não consegue entender o fenômeno por trás de sua fama. "Sou um fanático pelo google. Eu me pesquisei uma vez e apareceram sete milhões de sites. O que eles falam tanto de mim?", pergunta o britânico para despertar risadas de todos os seus colegas presentes na coletiva de divulgação do filme, em Los Angeles.

Fonte: Folha